Deixem o menino folgar
- Felipe Santos
- 15 de jun. de 2015
- 2 min de leitura
Pode ou não pode?

Sou da época em que chapéu no futebol era aplaudido. Embaixadinhas, comemorações satirizadas e dancinhas com a bola rolando valiam. Edmundo botou a mão no joelho, deu uma abaixadinha e uma reboladinha para provar isso.
Sou da época em que o futebol não era tão chato e o que mais me entristece no futebol de hoje é ver jogadores experientes condenando a habilidade incrível de um Neymar que, apesar de jovem, parece jogar um futebol da década de noventa.

Ele manda beijinho, faz embaixadinhas, dá carretilha, chapéu, canetinha. É folgado sim, e a gente gosta. É preciso entender, contudo, que assim como o chapéu é do jogo, a botinada também é. Não dá para esperar que um jogador humilhado aceite tudo como se não tivesse sangue nas veias, em nome de um fair play promovido pela FIFA enquanto seus dirigentes roubavam milhões de dólares.
Não esqueço o Armeration, dança sensacional que surgiu de um clássico entre Santos e Palmeiras na Vila Belmiro. Aquele Santos dos meninos da Vila folgava à beça e os adversários saíam do sério. Era dancinha a cada gol e a gente ficava esperando pra saber qual seria a coreografia da vez. Em uma virada espetacular, os jogadores do Palmeiras já com o sangue fervendo partiram pra dança na comemoração do gol e o colombiano Armero nos presenteou com uma das melhores comemorações que já vi. Foi tão boa que os torcedores do Santos, que acabavam de tomar a virada, caíram na risada.
Ali fora forjado Neymar. Naquele Santos o menino amadureceu e formou sua personalidade no futebol. Foi ali que “criamos um monstro”. Agora ele está assombrando todo essa chatice que tenta tomar conta do nosso futebol zoeiro. Sou daqueles que admiram o Messi como um dos maiores jogadores da história, mas que não troco três anos de Ronaldinho Gaúcho por toda a regularidade do argentino. Neymar é hoje o único motivo de me fazer ver jogos da seleção brasileira. Então eu peço: Por favor, deixem o menino folgar.

Felipe Santos é jornalista e colunista do O Papo Certo!
Comentarios