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Uma história de Jean Chera

  • Foto do escritor: Ricardo Moura
    Ricardo Moura
  • 22 de mai. de 2015
  • 2 min de leitura

E lá se foi mais um talento. A notícia que Jean Chera foi dispensando do Cuiabá não me causa espanto, pois ultimamente só isso é assunto em sua curta carreira.

Em 2008, a convite de um funcionário do Santos FC, fui ao CT Meninos da Vila para fazer uma reportagem com dois jovens talentos. A recomendação de minha editora era fazer algo com personagem, ou seja, teria que escolher um dos dois para me aprofundar mais.

Quis o destino que escolhi Jean Chera, na época com 12 anos. Era evidente que existia talento e uma força muito além de sua idade. Inteligente, habilidoso, o menino mostrava que sabia o que fazia com a bola nos pés.

Bati um papo muito rápido com ele, pois, na verdade, não estava muito interessado nas palavras de um jovem de 12 anos, mas sim na relação dele com a imprensa, os colegas de time, o treinador e o pai, sempre presente no alambrado.

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No meu texto para a reportagem dei a entender que nascia um craque. Apontei qualidades muito boas. Lançamentos de 30 metros, finalizações perfeitas, dribles inteligente e o mais impressionante, uma noção de espaço muito grande. O menino sabia pegar a bola em um canto do campo e fazer daquilo uma imensidão.

O tempo passou. Brigas o tiraram do Santos, e lá foi ele para a Itália. Sem sucesso, retornou ao Brasil e passou por Flamengo, Atlético Paranaense e Cruzeiro. Após o fracasso em todos, partiu para Romênia e Grécia, e nem lá conseguiu um lugar ao sol. O jeito foi apostar em clubes menores. Parou no Cuiabá, onde foi dispensando no começo da semana, após 4 meses, 2 jogos, 40 minutos em campo e claro, nenhum gol e nenhuma boa história.

Hoje, após 7 anos , consigo entender o que vi no CT do Santos. Jean tinha uma força muito maior do que a de seus amigos de 12 anos. Tinha mais corpo e mais preparo, fruto de trabalho com preparador físico particular, o que lhe rendia uma grande vantagem sobre os jovens de sua categoria.

Hoje, com 20, parece que tudo se inverteu. Os atletas de sua idade são tão ou até mais fortes que ele, com isso, a vantagem que tinha antes sumiu. Talvez, se não tivesse saído do Santos, com carinho que a equipe do Litoral tem por suas crias, Chera fosse hoje o que é Lucas Lima.

Um talento perdido, de um jovem que chegou ao status que muitos profissionais com anos de bola não vão conseguir atingir. Matérias em jornais, patrocínio de empresa de material esportivo, salário acima da média e uma vaga em um dos maiores clubes do Mundo. Jean Chera perdeu tudo isso, e hoje precisa se reinventar, pois o futebol está fechando as portas para ele.


PS: Quando disse que tinha dois jogadores para fazer a matéria no CT Meninos da Vila e acabei escolhendo Jean Chera, vale destacar que o outro era um tal de Neymar da Silva Santos Júnior, que não vingou quase nada no mundo da bola. Uma pena, também seria um gênio e a matéria teria me rendido muito mais!

 
 
 

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